sábado, julho 21, 2012

Hino a Pã - Aleister Crowley - Tradução: Fernando Pessoa

    Vibra do cio subtil da luz, Meu homem e afã 
    Vem turbulento da noite a flux 
    De Pã! Iô Pã! Iô Pã! Iô Pã! 
    Do mar de além Vem da Sicília e da 
    Arcádia vem! Vem como Baco, com fauno e fera 
    E ninfa e sátiro à tua beira, 
    Num asno lácteo, do mar sem fim, 
    A mim, a mim! Vem com Apolo, nupcial na brisa (Pegureira e pitonisa), 
    Vem com Artêmis, leve e estranha, E a coxa branca, 
    Deus lindo, banha Ao luar do bosque, em marmóreo monte, 
    Manhã malhada da àmbrea fonte! 
    Mergulha o roxo da prece ardente 
    No ádito rubro, no laço quente, 
    A alma que aterra em olhos de azul 
    O ver errar teu capricho exul 
    No bosque enredo, nos nás que espalma 
    A árvore viva que é espírito e alma 
    E corpo e mente - do mar sem fim (Iô Pã! Iô Pã!), 
    Diabo ou deus, vem a mim, a mim! 
    Meu homem e afã! Vem com trombeta estridente e fina Pela colina! 
    Vem com tambor a rufar à beira Da primavera! 
    Com frautas e avenas vem sem conto!
     Não estou eu pronto? Eu, que espero e me estorço e luto 
    Com ar sem ramos onde não nutro 
    Meu corpo, lasso do abraço em vão, 
    Áspide aguda, forte leão - Vem, está fazia Minha carne, fria 
    Do cio sozinho da demonia. À espada corta o que ata e dói, 
    Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói! 
    Dá-me o sinal do Olho Aberto, 
    E da coxa áspera o toque erecto, 
    Ó Pã! Iô Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã., 
    Sou homem e afã: Faze o teu querer sem vontade vã, 
    Deus grande! Meu Pã! Iô Pã! Iô Pã! 
    Despertei na dobra Do aperto da cobra. 
    A águia rasga com garra e fauce; 
    Os deuses vão-se; As feras vêm. Iô Pã! 
    A matado, Vou no corno levado Do Unicornado. 
    Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã! Sou teu, teu homem e teu afã,
     Cabra das tuas, ouro, deus, clara 
    Carne em teu osso, flor na tua vara. 
    Com patas de aço os rochedos roço
     De solstício severo a equinócio. 
    E raivo, e rasgo, e roussando fremo, 
    Sempiterno, mundo sem termo, Homem, homúnculo, ménade, afã, 
    Na força de Pã. Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!

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‎"O que mata as pessoas é a ambição. E também esta tendência para a sociedade de consumo. Quando vejo publicidade na televisão, digo a mim mesmo: podem me apresentar isto anos a fio que nunca comprarei nada daquilo que mostram. Nunca desejei um belo automóvel. Nunca desejei outra coisa senão ser eu próprio. Posso caminhar na rua com as mãos nos bolsos e sinto-me um príncipe."
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