sexta-feira, julho 13, 2012

Lágrima Divina: Resenha de O Oitavo Pecado de Adriana Vargas


O Oitavo Pecado de Adriana Vargas
O Oitavo Pecado





O Oitavo Pecado é um romance forte, fortemente centrado em sentimentos e ambientado em cenários e temática fascinantes oriundos das mitologias cristã e grega.


Henaph, um anjo nascido puro e ignorante do mundo no ventre do deus pai, recebe uma tarefa importante ligada à guarda e manutenção do Jardim do Éden. Mas ao se deparar com outros seres que ali habitam, sua imprudência e ingenuidade se demonstram muito superiores à sua sabedoria. Pois devido à sua recente concepção, a personagem não tem nenhuma experiência e até mesmo coisas como o corpo masculino do deus Hermes se demonstra uma novidade. Ela apaixona-se perdidamente por ele, o que culmina na sua expulsão do Jardim do Éden e a perda de sua imortalidade. Agora, vivendo entre os homens, ela precisa tomar as decisões mais difíceis de sua existência e o maior dos desafios será atingir o autoconhecimento. 


O primeiro capítulo
Decidi dedicar uma parte da resenha somente ao primeiro capítulo pois devo confessar o quão fiquei impressionado com ele. O texto é denso, centrado na mente do anjo e com linda linguagem poética - descrição realmente digna do nascimento de um anjo. Nesse momento o leitor já é posto em contato com o ambiente místico do texto pois tudo se passa no interior da barriga do deus pai e trata-se do nascimento de Henaph. Essa característica é particularmente interessante pois os antigos gregos entendiam que a alma e a mente se encontravam no estômago. Esse é um capítulo belíssimo e se me permitem vou criar um termo e classificá-lo como "Alta Literatura".


A escrita
Como eu havia imaginado, do segundo capítulo em diante, a escrita se torna menos poética cedendo espaço para uma escrita levemente mais seca. O que faz com que as descrições de cenas se tornassem mais fáceis de se visualizar e também condiz com a condição de Henaph enquanto observadora do mundo, já que nesse ponto não estamos mais participando das primeiras impressões da mesma e sim partilhando de suas experimentações do universo ao redor. 
Os personagens divinos são bastante interessantes e distantes de pessoas comuns, mesmo que os deuses tenham as tais características que nos aproximam deles, ainda sim a autora trouxe uma visão completamente divina do modo com esses seres lidam com o seu destino, missões e tarefas. Além da relação entre eles, que é muito mais direta e sem meias-palavras. O que é bem diferente de quando se trata da relação entre os mortais, há uma clara diferença no modo de pensar, sentir, amar e temer entre essas duas classes. De modo geral, os deuses são menos passionais e mais disciplinados e submissos aos seus superiores, aceitando seus destinos com retidão e resiliência. Não posso deixar de ressaltar a maestria e domínio da autora com as palavras, introduzindo conceitos incomuns e maneiras diferentes de dizer e descrever as passagens, recomendo a leitura do livro até mesmo com uma intenção didática afim de aprender e "sugar" um pouco do poder de descrição da escritora, que aliás, fica clara a intensa pesquisa realizada antes de executar o projeto.

As lágrimas
Como eu havia mencionado, o texto é todo em primeira pessoa, contada por Henaph, e carregada de suas impressões. É uma personagem realmente intensa e há menções à suas aflições em boa parte da estória. Pois o livro trata disso, da luta de Henaph para se conhecer e domar seu coração(estômago para os antigos) durante sua sina rumo à perfeição. Talvez isso tenha feito o texto parecer um pouco arrastado em algumas passagens, mas em minha opinião isso não prejudica em nada, inclusive fortalece o clímax do final trazendo uma marcante compreensão de tudo que se passou. A personagem é claramente imatura e inconsequente, e é justo o que é explorado de tal maneira a se tornar a espinha dorsal do livro. 

Os ambientes
O primeiro cenário é pasmem - a barriga do deus pai. Que apesar das limitações óbvias do cenário é magnificamente bem aproveitado. Temos o Éden, a Ilha de Creta, castelos, interiores e uma miríade de locais que nos remetem ao passado lendário dos antigos gregos. A descrição é sucinta, o foco não é esse, mesmo em situações de combate não há minúcia na descrição dos ferimentos, tamanho do exército, aparência de algum animal, nada em grandes detalhes, o que vai com certeza agradar uma grande parcela de leitores e acredito, combine perfeitamente com a proposta da autora, pois, se diferente fosse, a estória correria o risco de perder o foco e o ritmo, o que não acontece em momento algum, o tom é o mesmo, do início ao fim.

Considerações Finais
Recomendo o livro a todos, pois ele tem diversos méritos como as descrições históricas, o romance, um determinado suspense quanto ao destino da personagem. Mas deixo um alerta aos leitores menos maleáveis, não se trata de um livro de ação, chego a enxergar um foco feminino em todo o texto, mas entendo que deixar de ler esse livro por conta disso será uma perda para o leitor. E sobre o livro em si, acredito que a editora pode investir melhor em acabamento nas próximas edições, não que ele tenha defeitos, mas poderia ter um acabamento muito melhor. Um texto tão maravilhoso merece todos os cuidados. Apesar disso, a diagramação é linda e as páginas e início de capítulos são decorados com figuras de asas e de anjos.



Adriana Vargas
Adriana Vargas

Sobre a autora: 
Formada em Direito pela UCDB; residente em Campo Grande – MS.
Adriana escreve desde os sete anos de idade. Teve participações com menções honrosas em diversos concursos literários. Autora das obras: O oitavo pecado, O voo da estirpe, O segredo de Eva, Borboletas na Primavera, Encontro de alma e Inocence, A Sociedade secreta. Coordenadora do Clube dos Novos Autores e Agente Literária da MODO Editora. Tem como meta, lutar pela ascensão literária no Brasil.






Siga a fanpage da autora para ficar por dentro das novidades: https://www.facebook.com/AdrianaVargasAguiar



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‎"O que mata as pessoas é a ambição. E também esta tendência para a sociedade de consumo. Quando vejo publicidade na televisão, digo a mim mesmo: podem me apresentar isto anos a fio que nunca comprarei nada daquilo que mostram. Nunca desejei um belo automóvel. Nunca desejei outra coisa senão ser eu próprio. Posso caminhar na rua com as mãos nos bolsos e sinto-me um príncipe."
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