Clássico estradeiro, poema dos vencidos, jornada existencial no pó ressecado da vida. As hipérboles passionais tornam-se a tônica quando o assunto é o romance On the Road, o clássico beat por excelência, que completa 50 anos este ano e está sendo reeditado no Brasil com tradução revista pelo jornalista Eduardo Bueno, responsável pela versão da obra original para o português em 1984, ou seja, há 23 anos! É impossível falar de literatura no século 20 sem falar de On the Road- pé na Estrada.
O livro de Jack Kerouac (1922 - 1969) incendiou o sonho de milhares de mentes jovens, prontas para deixar uma vida confortável e cair no mundo, viajando de carona em caminhões, carros de estranhos, vagões de trens.
A história do livro, já decorrido o cinqüentenário de seu lançamento, já se tornou conhecida, mesmo por quem teve em mãos esta obra - o que expressa o quanto essa viagem cheia de aventuras, verdadeira “odisséia”se internou no íntimo coletivo - mas basta de opinião e vamos a uma breve “pincelada” sobre ela. Trata-se do relato de um jovem, Sal Paradise, que, influenciado pela presença exuberante de Dean Moriarty, um vagabundo sedutor, que deixa a casa da tia, em Nova Jersey, e se joga em viagens pelos EUA, atravessando o país de costa a costa, às vezes só e outras acompanhado de seu ídolo. O tema da viagem como veículo de transformação não era em si novo, já havia tomado carona nos vagões de Jack London, nos navios de Melville, mergulhado no perturbador Coração das Trevasde Conrad. A prosa épica e poética de Kerouac, uma composição poética apaixonada à vida, já havia tirado uma soneca no leito de folhas da relva arrumado por Walt Whitman. O ritmo da prosa trazia inspiração do jazz, nervoso, escrito ao correr do raciocínio, como a conversa delirante de um entusiasmado contador de histórias que tomou mais café do que o recomendável. O que tornou On the Roadessa referência foi o momento em que sua publicação alcançou os corações e mentes americanos. Kerouac e seus camaradas Allen Ginsberg, Gregory Corso e William Burroughs representavam uma rejeição à estabilidade valorizada com todos os dentes pela geração anterior, filhos da Grande Depressão para quem a idéia de conforto e progresso parecia mais cara do que qualquer aventura. Também a prosa em On the Roadé a responsável pelo seu mito, uma onda de paixão e delírio na voz de um jovem viajante aberto à realidade que encontra, alguém disposto a conhecer na estrada a alma da América, e não no que Henry Miller chamava de " pesadelo de ar-condicionado”. A par de qualquer consideração estética, On the Roadtornou-se o livro beat por excelência, sua manifestação mais conhecida, uma obra que influenciou de Bob Dylan a blogueiros. Nem tudo o que a geração beat produziu ainda se sustenta por si só, mas o livro de Kerouac é uma dessas obras, assim como o delírio dadaísta de Almoço Nu, de Burroughs, ou o doloroso Kaddish, de Ginsberg. Vale a pena mergulhar nessa prosa libertária reeditada por L&PM,384 páginas, aproximadamente R$ 20,00. São cinco décadas de rebeldia inoculadas diretamente na veia estética da América e considerada a influência avassaladora da cultura americana hoje, não seria exagero dizer "do mundo".
sábado, outubro 11, 2008
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